quarta-feira, 13 de julho de 2016

SHANTIDEVA, 1

SHANTIDEVA, 1



Um guia para o caminho do Bodissátva
 CAPÍTULO I : O Benefício da Bodhicitta, ou desejo de levar todos à Iluminação.
la. Com respeito eu me prosterno aos Sugatas
Que estão dotados com o Dharmakaya
E me prosterno aos seus tão Nobres Filhos
E a todos dignos de veneração.
lb. Vou explicar como se tomam os votos
Dos Filhos dos Buddhas, que são votos
Dos quais o seu sentido aqui eu condensei,
E que estão de acordo com as escrituras.
2. Pois nada há aqui que não se tenha explanado antes.
E como não sou mestre de poética.
E na incapacidade de ajudar os outros
Escrevo para o meu próprio conhecer.
3. Com este conhecimento
A força da minha fé pode crescer
E se por outras pessoas esses versos forem lidos,
Iguais a mim deles terão o mesmo sentido.
4. Dom e lazer são mui raros encontrados
E dados ao que é significativo.
Não os utilizar agora, quando
Outra ocasião perfeita haverá?
5. Como um clarão na noite escura
Tudo ilumina por alguns instantes
Assim no mundo pelo poder de um Buddha
Raro, breve, brilha um pensamento bom.
6. Enquanto da virtude é muito fraca
Do mal a grande força é intensa e extrema.
Além da Bodhicitta  que outra virtude a pode resistir?
7. Muitos eons os Buddhas meditaram
Sobre qual era o melhor benefício
para a incontável massa de seres
Para que recebam a suprema bênção.
8. Aqueles que desejem eliminar
Os muitos sofrimentos da existência
Aqueles que desejem experimentar
Alegria e felicidade eternas
Nunca abandonam a Bodhicitta,
O desejo de levar a todos, sem excessão,
Ao Estado Iluminado.
9. Quando esta Bodhicitta nasce na Mente
Do fraco e algemado prisioneiro
Das existências cíclicas,
”Um filho dos Sugatas" passa a ser chamado,
Reverenciado por deuses e homens.
10. É como o supremo elixir de ouro
Que pode transformar nosso corpo sujo
No corpo de um Buddha, a jóia sem preço.
Logo, mantenha a Bodhicitta.
11. Desde que o Guia deste Mundo
Investigou a Preciosa Lei,
os que queiram libertar-se desta
Morada mundana mantêm
Com firmeza na Mente a Bodhicitta .
12. As outras virtudes são plantações fugazes
Que correm perigo de não darem frutos.
Mas da Bodhicitta a perene arvore,
Flores e frutos se colhem incessantes.
13. Qual confiando o corpo a um bravo herói
Assim confio serei liberado
Por esta Mente que deseja a iluminação
Para todos
Mesmo que os males inomináveis extremos
Eles tenham cometido.
Como então não se devotarem também todos vocês?
14. Qual o fogo do fim do mundo
Num instante consumindo um grande mal,
A incomparável vantagem foi explicada
Ao discípulo Sudhana pelo sábio Senhor Maitreya.
15. Assim, a Mente de Bodhicitta  
É compreendida sendo de dois tipos:
Primeiro, a mente que aspira fazê-lo.
Segundo a mente engajada, que se engaja corajosa.
16. Assim é compreendida a distinção
Entre a aspiração e o fazer.
Assim o sábio compreende pois
A distinção entre essas duas.
17. Ainda que ocorram grandes frutos
Na cíclica existência, para aquela mente
Que aspira o Fazer,
Um ininterrupto rio de mérito não ocorre
Como com a Outra, a Mente já engajada em fazê-lo.
18. E para quem mantiver com a perfeita
intenção de nunca retornar
Se encontrará completo e liberado
Das formas de vida, infinitas.
19. Desde aquele tempo até então
Ou mesmo quando dormindo ou inconsciente,
A força do seu mérito é igual ao céu
E perpetuamente se produzirá.
20. Para aquele, ao menor veículo devotado,
Isto foi proferido logicamente
Pelo próprio Tathagata,
No Sutra que Subahu pediu.
21. Se mesmo o pensamento de alívio
Da dor de cabeça de uma única pessoa
É intenção benéfica de infinita benevolência,
22. Imagine então para o desejo de libertar
De suas inconcebíveis misérias
Todos os seres, mesmo os menores, pequeninos,
Para que realizem, ilimitadas, as suas boas qualidades?
23. Mesmo pais e mães
Terão eles tão grandes  benevolentes intenções?
Ou deuses e sábios?
Ou mesmo Brahma o terá?
24. Se aqueles seres nunca nem sabem nem sonharam
que tal libertação existia
Para si mesmo, como poderia isto nascer
E em relação a salvação de todos os seres?
25. Esta intenção de beneficiar os seres
Que nos outros não nasce nem mesmo
Para sua própria salvação
É a extraordinária a jóia da mente
E sem precedente é desta vontade o nascimento.
26. Como posso eu penetrar os abismos
Da beleza desta jóia da mente,
Desta meditação que cura a dor do mundo
E é fonte da máxima redenção?
27. Se uma única intenção benévola
É maior do que a veneração aos Budhas,
Imagine querer fazer
A todos os seres, sem distinção, fazê-los felizes para sempre?
28. Pois através do desejo de libertarem-se da miséria
Correm eles ao contrário em direção à sua própria destruição.
E em vez de produzirem sua própria felicidade,
Como inimigos inconscientes
Se voltam contra sua própria perdição.
29. Para os que estão doentes na desgraça
E estrangulados por insuportáveis aflições
A Bodhicitta concede ilimitada alegria
Eliminando toda a sua dor,
30. Dispersando a sua confusão.
Que outra virtude tão grande existirá?
Onde outro amigo igual a este?
Onde outro mérito igual a este?
31. Se alguém por algum bem feito é digno de recompensa
E de louvor é digno de ser.
Imagine ao Bodhisattua
Que faz o bem sem saber a quem?
32. Se o mundo venera como virtuoso
Mesmo aquele que algumas vezes oferece
Um pouco de comida a poucos seres
Satisfazendo apenas meio dia.
33. Imagine o que se pode dizer daquele
Que eternamente a bênção sem preço dos Sugatas lhe oferece
E para todos os seres inumeráveis
Dessa forma atendendo a todas as suas aspirações?
34. Disse o Buddha que quem emitir um único mau pensamento
Contra um Benfeitor como o Bodhisattua,
No inferno ficará tantos eons
Quantos houver em pensamentos maus.
35. Mas se esta atitude virtuosa nasce
Seus frutos se multiplicam muito mais que isto
Pois quando sofrem os Bodhisattuas nunca
Geram negatividades, mas ao contrário
Suas virtudes naturalmente se avolumam.
30. Eu me prosterno diante do corpo daquele
Em que nasceu esta Preciosa e Sagrada Mente da Bodhicitta
E nessa fonte de alegria busco refúgio
Que felicidade traz para todos
mesmo para aqueles que lhe são adversos.

(Trad. comparada para o português por R. Samuel)
 - Revista em 17/01/2018

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